quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Chick movies



Um filme bem na categoria "cinema para mocinhas" é Delírios de Consumo de Becky Bloom, que estréia em fevereiro nos Estados Unidos e só em abril no Brasil, mas as fashionistas já estão aflitas. Do livro best-seller homônimo de Sophie Kinsella, Confessions of a shoppaholic é a história de Becky, interpretada pela fofa Isla Fischer (parece, mas não é a Amy Adams de Encantada), uma jovem enlouquecida por roupas e acessórios, consumista desenfreada que não resiste à uma liquidação e vive com problemas financeiros por conta disso. Vi o trailler, é diversão pura. Sem falar no figurino incrível de Patricia Field, mesma de Sex and the City e Diabo veste Prada. *Aaamo a maneira como ela mescla as cores sem ficar over, tem talento essa senhora...

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Chanel e seus amores


Audrey Tatou, a eterna Amelie, não será a única a encarnar Mademoiselle Chanel na tela grande. Outro filme sobre a estilista francesa será lançado em abril na Europa, com a atriz Anna Mouglalis no papel principal. O longa, de menores proporções comerciais de Coco before Chanel, sem data de estréia prevista, leva ao público o tumultuado romance da modista com o compositor russo Igor Stravinsky em meados de 1913. Coco Chanel & Igor Stravinsky é o nome do filme, adaptado do romance Coco et Igor, de Chris Greenhalgh. Tomara que não seja daqueles filmes que nem chegam aos cinemas brasileiros, porque fiquei louca pra ver.

Madonna e Vuitton


Quem mandou bem mesmo no quesito celebrity foi Marc Jacobs que escolheu Madonna como modelo da campanha de verão da Louis Vuitton, marca na qual o americano é diretor criativo. A musa pop foi fotografada por Steven Meisel, que já a clicou para outras campanhas e para inúmeras capas, em Los Angeles, mas num cenário que remetia a uma atmosfera de bistrô parisiense. Falando em Marc Jacobs, vi a entrevista dele na Oprah, que coisa fofa que ele é, nada blasé, um querido!

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Holmes para Miu Miu

Miuccia Prada mantém firme a idéia de ter celebrities como garota propaganda. Depois de Lindsay Lohan, Kirsten Dunst e Vanesa Paradis, é a vez de Katie Holmes, a mãe da fofa Suri, ser a estrela da campanha de verão 2009 da Miu Miu. Agora, vem cá, momentinho veneno... Quem era essa garota antes de ser a Sra. Tom Cruise? A mocinha de Dawnson´s Creek, seriado do qual poucos ainda se lembram e que mais? Enfim, tá aí a moça, só poder, fotografada pela dupla de fotógrafos mais que incrível Mert Allas e Marcus Piggot.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Dita diva


A pin-up Dita von Teese vai vestir uma criação exclusiva do estilista libanês Elie Saab no seu show. Além de estilosérrima e linda de morrer ela não é boba nem nada, tá sempre na fila A dos desfiles gringos mais bombados.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Chanelzinho básico


Está aberta a temporada de noites de gala em Hollywood. Foi-se o Globo de Ouro, logo mais é o Oscar e nesse meio tempo várias premiações acontecem. Alguém por favor só me fala o que é esse vestido Chanel Haute Couture que a Anne Hathaway usou ontem no National Board of Review of Motion Pictures(?!?). Me explica, alguém, antes que eu morra de tanto suspirar!!!!!!!

Hot Stamp

A revolucionária Mary Quant, criadora da mini-saia na década de 60 virou selo dos Correios britânicos. A fofa completa 75 anos mês que vem e tem lugar garantido na história da moda. Num parece a versão brunette da Twiggy?

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Estilo Michelle


Todos assistiram e vibraram ontem na posse do primeiro presidente negro dos Estados Unidos, Barack Hussein Obama. Mas os fashionistas estavam ansiosos pelo figurino da nova primeira dama, que fez um desafio entre novos designers e elegeu o modelito dourado da jovem Isabel Toleto, estilista de 25 anos, americana de origem cubana. E arrasou. Legitimando seu apoio incondicional aos jovens talentos, Michelle usou um lindo longo branco de um ombro só de Jason Wu, de 26 anos, em um baile inaugural na Casa Branca. E também usa os clássicos como Narciso Rodriguez, Sonia Rykiel... E faz um simples vestidinho de loja de departamento virar best-seller. Sou fã dessa mulher!

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Ballet em páginas


Acabo de ganhar o livro "Bastidores do Municipal" , coletânea de imagens do fotógrafo Bruno Veiga, que passou um ano nas coxias o Municipal do Rio de Janeiro captando todos os movimentos dos bailarinos, músicos e técnicos, nos ensaios e espetáculos. Lindo, lindo, lindo. Sempre amei ballet, desde a época em que treinava o pliè com seis anos de idade. Infelizmente, abandonei a "carreira" aos dez anos, bem antes de chegar à sapatilha de ponta, mas os comandos de elevè, e demais subdiretrizes do pas des deux me marcaram a infãncia, assim como vestir a meia calça rosa e fazer o coque envolto em redinha. Tudo no ballet é mágico e esse livro não poderia ser diferente. Leva o leitor ao universo lírico da dança e também homenageia os 100 anos do Municipal carioca. Da editora Desiderata, com texto de Mauro Trindade e prefácio de Luiz Paulo Horta.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Califórnia recebe YSL

Está rolando até o dia 05 de abril a exposição Yves Saint Laurent no de Young Museum de São Francisco, nos Estados Unidos. Em parceria com a Fundação Pierre Bergé-Yves Saint Laurent, na exibição o visitante verá as formas que tornaram de Yves um ícone da moda e os recursos dos quais se valia para sua criação, como arte, literatura, história e a própria natureza. Estão expostos mais de 130 modelos do estilista, além de desenhos e fotos. O de Young fica no número 50 da Hagiwara Tea Garden Drive, no Golden Gate Park. Na foto, um modelo YSL de gala, 1970.

Novidades Adriana Barra




Adriana Barra firmou parceria com a Clube Bossa, marca hype de biquínis e com a carioca Verve, igualmente bacana grife de lingeries, para desenvolver essas linhas de produtos com a sua cara. E a Dedricatessen, agência de criação da estilista (o nome não poderia ser mais sugestivo, não?) fez artigos de papelaria muito fofos. Tem cadernos, estojos, blocos... Ideal para encontrar aquela agenda que vai te acompanhar o ano todo. Novos produtos, todos com a marca registrada de Barra: as estampas lúdicas e coloridas, as bonecas.... Lindo, vale conferir!
Adriana Barra: Rua Peixoto Gomide, 1801, Casa 5 – Jardins

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Margiela na Antuérpia



Os fãs do minimalismo de Martin Margiela podem visitar até dia 08 de fevereiro uma exposição dedicada ao designer no Momu (MOde MUseum) da Antuérpia, Bélgica. No ambiente clean do museu estão exibidos os geniais looks do estilista em manequins. O misterioso criador belga nunca apareceu em entrevistas, fotos, nem vídeos. Sua maison completou vinte anos de existência em setembro do ano passado e hoje pertence ao conglomerado de Renzo Rosso. Programa imperdível para quem está na Europa.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Aventura na Saxônia

(Desculpem o texto longo, mas comecei a escrever despretenciosamente e quando vi era um romance. E como é um relato pessoal, deixei não editado. Para quem tiver tempo e paciência.)

Minha viagem à Alemanha me rendeu muita história boa, mas a melhor é de longe o episódio em que me perdi do grupo, no caminho para Dresden, a cidade que mais me surpreendeu. Aconteceu assim: o itinerário inicial previa um trem direto de Frankfurt (onde nos “escondemos” em Eltville, uma cidadela às margens do Reno) a Dresden, destino para o qual eu não tinha muita expectativa. Qual não foi nossa surpresa ao constatar que tal trem havia sido cancelado. A opção era fazer um caminho mais longo, de Frankfurt, a capital financeira, à Leipzig e de lá seguir até Dresden.

Em Leipzig, maior cidade da antiga Alemanha Oriental e berço do compositor Richard Wagner, haveria uma espera de 30 minutos. Decidiu-se então que não faria mal ver a cidade por um instante, nem que fosse apenas da porta da estação ferroviária. Acompanhando as fumantes do grupo, ansiosas para acenderem seus cigarrinhos, proibidos em lugares fechados na Europa desde janeiro do ano passado, fui à saída. Já com a imagem da cidade, ainda que em mínima fração, gravada na retina, resolvi dar meia-volta e ir a uma farmácia que tinha chamado minha atenção na ida, mas como sempre não pelos medicamentos e sim pelos artigos de perfumaria e acessórios de cabelo. Curiosamente não achei o tal estabelecimento, mas encontrei uma substituta ainda melhor: uma simpática lojinha só de acessórios e balangandãs, do tipo que tenho aos montes em casa, mas que nunca levo em viagens e estavam começando a fazer falta tremenda. Além disso, adoro comprar souvenires de viagem que poderão ser usados de fato, como roupas e bijus. A fila era mínima, mas com a lentidão da atendente do caixa, os tais cinco minutos que tinha disponíveis se prolongaram para sete ou oito. Foi o suficiente para sair da loja já apressada em direção ao ponto de encontro do grupo, o café Ludwig, não me esquecerei jamais... Simplesmente não o achava. Ao me dar conta que estava perdida, questionei à balconista de uma lanchonete que respondeu com seu parco inglês que (inacreditavelmente) não conhecia tal lugar. Será que foi minha pronúncia de um nome tão alemão que ela não compreendeu? “Ludivigui, please?” Só sei que já em desespero pergunto a uma transeunte que se compadece da angústia estampada em minha face e replica com um sentido “no english”. Continuo a correr e acho um oficial ferroviário que acredito ser a minha salvação. Ledo engano. O dito me repete o tão temido “no english”. Foi aí que descobri que na ex- Alemanha Socialista a maioria não domina o idioma inglês, imagino que o acesso ao ensino de línguas estrangeiras que não o russo era restrito ou talvez até interdito. Apelo para a linguagem universal das letras e algarismos, apontando com as mãos trêmulas o número da plataforma em meu bilhete de primeira classe. Ele por sua vez também aponta com seu indicador a escada, na qual eu havia descido para a saída e depois me esquecido por completo. Estava no andar errado. Distração e total ausência de consciência geográfica e espacial são algumas das minhas características mais conhecidas. Não tive tempo nem fôlego de usar uma das poucas (únicas, confesso) palavras que aprendi no hermético idioma germânico: danke.

Subi as escadas que levavam às plataformas como uma maratonista e agradeci aos anos em que me dediquei ao Atletismo no colégio. Como nunca tive habilidade alguma com bolas e regras elaboradas, e era um desastre em qualquer partida de basquete, vôlei ou handball, me restaram as modalidades esportivas do salto em distância, corrida e revezamento para ocupar os longos minutos das aulas de Educação Física. Bom, tal prática me rendeu senão velocidade espantosa, mas ao menos passos largos. Já no andar de cima, de onde nunca deveria ter saído, alcanço o famigerado Ludwig, café no qual jazia o silêncio, a mesa vazia, nenhuma bagagem, inclusive as minhas, e nem sombra dos outros sete componentes do grupo. Meu coração já aos pulos, gelou. Sigo correndo para a plataforma indicada no bilhete. No caminho tento confirmar, aos berros, em inglês, e para ninguém em específico, se aquela locomotiva parada lá ao longe é a que segue para Dresden. Um distinto senhor robusto de cabelos e barba grisalhas e óculos de grau se assusta um pouco com tal figura desconcertante (uma garota morena e de cabelos escuros, extremamente exótica para os padrões da região, correndo como maluca e gritando em língua estrangeira) mas me afirma que sim, aquele trem vai a Dresden.

Com injeção de ânimo pela confirmação sigo correndo. Já ouço o ruído das máquinas preparadas para o movimento, mas ainda há esperança. Ele, o trem, está estático, e na minha mente em pânico, à minha espera, não partiria sem mim. Quando alcanço a ponta do último vagão, as portas se fecham e o trem começa a se mexer lentamente. Num momento de loucura típica dos desesperados, aflitos e abandonados, não dou a luta por vencida e continuo a corrida. A personagem Lola, daquele filme coincidentemente alemão, teria inveja de mim. Na minha cabeça me perguntava se seria mesmo possível que aquilo estivesse acontecendo. Não... Aquele trem não levava os meus companheiros de viagem... Depois de uma fração de segundo que trouxe esse pensamento consolador, vejo sair da janela do trem uma cabeçinha loura, da alemã que falava inglês com forte sotaque britânico, representante da rede de hotéis que nos recebeu. Quando a vi tive certeza de que estava mesmo perdida e recomecei a correr ainda mais rápido e a gritar com o pouco fôlego que me restava a estúpida demanda: “Stop the train”, repetidas vezes. Mas o maquinista parecia não fazer muita questão da minha presença a bordo e o trem saiu da plataforma, seguindo sua direção nos trilhos.

Desconsolada, pensei (se é que tal ato é possível nas dadas condições) o que faria sozinha naquela cidade na qual não falava mais do que quatro palavras. Começo a andar de cabeça baixa na direção contrária, voltar à estação, uma vez que estava quase nos trilhos. Quando num momento iluminado, ergo o olhar, vejo o mesmo senhor que me havia ajudado antes. Ele acenava para que eu o seguisse. Não tinha mais nada a perder, qual perigo havia em acompanhar o sósia do Papai Noel? Afinal de contas, era época de Natal, tudo me levava a confiar no bom velhinho, ou melhor, no velhinho que parecia bom. O danado corria bem e eu já estava acabada depois de toda aquela perseguição inútil. Quando o alcancei, ele me disse que também estava indo a Dresden, assim como eu havia perdido aquele trem, mas que haveria outro em três minutos. Na plataforma quase que oposta a que estávamos. Num ato de heroísmo dado o meu atual sedentarismo, reuni o pouco de ar que me restava e o segui. Assim que entramos no trem as portas se fecharam e partimos. Pontualidade germânica realmente não combina com os horários frouxamente compromissados da nossa cultura. Talvez por isso não existam trens de passageiros no Brasil.

Agradecida por estar a caminho, mas preocupada com o grupo que deveria estar aflito pela minha “perda”, comecei a conversar com o senhor, que se apresentou como professor doutor Bernhard Ganter. Além de lecionar Matemática na Universidade de Dresden era também diretor de um museu dedicado à disciplina na cidade. Dr. Bernhard me falou da esposa, dos filhos e de sua cidade: Dresden. Falou sobre a vida na Alemanha Socialista e muitas coisas interessantes do país e da região. Na época, o pouco comércio que existia estava sempre com mercadorias em falta. Não havia lojas de roupas, apenas de tecidos e aviamentos, também em pouca quantidade e variedade. Mas segundo Bernhard relembrou nostálgico, todas as moças se vestiam impecavelmente. Estavam sempre elegantes graças à habilidade com a costura e criatividade. Quando uma loja oferecia linhas e agulhas, as mulheres tratavam de comprar rápido e em quantidade que durasse pelo menos dois anos, já que não se sabia quando tal produto voltaria às prateleiras. O mesmo com tecidos e calçados, que eram raros e cada pessoa tinha três ou no máximo quatro pares. Os alimentos eram baratos, mas racionados e sem variedade alguma. Mas nada disso incomodava muito Sr. Ganter. O que lhe angustiava era a falta de liberdade daqueles dias. Moradores da Alemanha Oriental não podiam viajar, nem sequer visitar parentes do lado Ocidental. Alemães do regime capitalista até podiam cruzar essa fronteira, mas a investigação e a vigilância eram tamanhas que poucos se encorajavam. Era pior do que dois países diferentes que não podiam se comunicar, era um única nação, porém dividida e segregada por completo.

Passamos por cidades menores no caminho, cidades universitárias, de jovens, porém todos os rapazes e moças que desciam do trem tinham semblante triste e cansado. Sr. Ganter me explica que as cidades ex-socialistas ainda não estão totalmente integradas à economia e muitos dos jovens não tem perspectivas de trabalho e crescimento em suas cidades natais e apesar de contar com o auxílio do governo mais rico da Europa, não vêem no futuro grandes expectativas. Melancólicos, os vi saírem do trem cidade após cidade, umas três ao longo do caminho, e todos incapazes de esboçar um mínimo sorriso tímido sequer.

Animado pela proximidade de Dresden, Sr. Ganter parece abandonar a cátedra da Matemática e assume de vez o jaleco de professor de História alemã, dando continuidade à verdadeira aula em movimento. Fundado por Augusto o forte no século 11, Dresden estava praticamente em ruínas há vinte anos, antes da reunificação. Aos poucos a reconstrução dos prédios históricos e restauração de igrejas, pontes e praças com arquitetura rococó às margens do Rio Elba, devolveram a atmosfera incrivelmente romântica que remete à cidades do leste Europeu. A comparação com Praga é inevitável. Chegando à estação, o senhor me ofereceu carona até o hotel. Por ter salvo minha viagem eu apenas lhe disse que não sabia como lhe agradecer. Ele fez sinal de que não foi nada, eu fechei a porta de seu carro, uma BMW antiga, e ele seguiu... Mesmo ele tendo se identificado como humano, terráqueo, alemão e pior, professor de Matemática, ainda acho que era um anjo da guarda.

O resto é história para Wish Report... Na foto, Dresden noturna. Apaixonante.
*Um adendo: para os que já imaginaram de cara que era um velhinho tarado qualquer, ele é meeeesmo um acadêmico f*** na Alemanha, achei o link da universidade pra vcs conferirem e verem o rostinho dele. Me falem, não parece o Papai Noel? Bom, para uma pessoa perdida na neve dia 10 de dezembro, qualquer pessoa vira o papai noel, mas enfim...

Coleção de arte de YSL será leiloada


Wish mostra com exclusividade a coleção particular de Yves Saint Laurent e Pierre Bergé. Companheiros por décadas, eles mantinham, em casa, 700 obras, dentre Picasso, Mondrian, Matisse, Goya e Cézanne. Tudo isso, em breve, estará à venda.
por Marília Levy

Uma das mais suntuosas coleções privadas de arte da Europa está à venda. São mais de 700 obras de diversas épocas, estilos e continentes, dentre quadros, esculturas, móveis e antigüidades. O conjunto impressiona não só pela quantidade, mas também pelo ecletismo e valor artístico. Há telas de Mondrian, Matisse, Goya, Picasso e Cézanne. O extraordinário tesouro é resultado de 50 anos de parceria de dois grandes admiradores da arte: Yves (Henri Donat Mathieu) Saint Laurent e Pierre (Vital Georges) Bergé. Companheiros e sócios desde que se conheceram em 1958, ambos compartilhavam o mesmo amor à arte e iniciaram juntos uma estupenda coleção, dividida em dois endereços: no apartamento de Pierre, na Rue Bonaparte, e na residência de Yves da Rue Babylone, ponto nobre do 7º arrondissement, na Rive Gauche de Paris.

Filho da classe média do interior francês, Pierre migrou para Paris para se dedicar à literatura. Fez amigos como o escritor Jean Cocteau, de quem detém os direitos da obra até os dias atuais. Ao final da década de 1950 conheceu o jovem costureiro Yves, recém-chegado da Argélia, que logo seria assistente de Christian Dior. Foi o início de uma união para toda a vida. Bergé se tornou sócio da maison de alta costura de Yves Saint Laurent, que abriu as portas em 1962. A partir daí, encabeçaria todas as negociações e se tornaria o empresário da excepcionalmente bem-sucedida grife. Mas sua participação no mundo da moda não se limitou à sociedade com o estilista. Em 1973, Bergé criou o grupo Mode et Création, que representava os estilistas de Paris perante a Câmara Sindical da Moda, e os incentivou a apresentar suas coleções no mesmo evento. Nascia, ali, a primeira Semana de Moda da cidade. Coleção após coleção, de alta costura e prêt-à-porter, Yves Saint Laurent marcou para sempre seu nome na história do vestuário contemporâneo e sua morte, em junho deste ano, foi considerada a perda de uma das últimas lendas vivas da moda, ao lado de Gabrielle Chanel, Christian Dior e Hubert de Givenchy. A quem possa estar se perguntando o porquê de se desfazer de tamanho patrimônio cultural acumulado ao longo de décadas, Pierre Bergé explicou na ocasião do anúncio oficial do leilão: "Yves está morto. Essa coleção não tem mais significado para mim, quero apenas dar um fim a tudo isso." Do enorme acervo, Bergé reservou apenas duas peças de maior valor afetivo: uma escultura africana e o retrato do estilista feito por Andy Warhol em 1972.

A Christie’s, organizadora do evento, é parcimoniosa ao falar de valores e acredita que a soma deverá chegar a 300 milhões de euros. Porém, especialistas revelam que se trata da "venda do século", e que deve ultrapassar com facilidade a marca de meio bilhão de euros, ou quase um US$1 bilhão. Peças improváveis de se achar fora de um museu, como uma escultura de madeira do período ptolemaico egípcio, datada do século 4 a.C., estará à venda a um lance inicial de 70 mil euros. Mestres em mesclar estilos artísticos dos mais diversos na decoração, Laurent e Bergé conseguiam compor ambientes onde uma escultura chinesa da Dinastia Qing e vasos art déco de Jean Dunand conviviam em perfeita harmonia com tapeçarias Gobelin, móveis italianos do século 18 e composições cubistas de Fernand Léger e Mondrian. "Para Yves Saint Laurent, a arte era uma necessidade vital, indispensável à sua inspiração, era como o ar para sobreviver. Ela apaziguava sua personalidade depressiva", relembrou o marchand de antigüidades Alexis Kugel ao periódico francês Le Figaro.

O leilão acontece durante três dias, de 23 a 25 de fevereiro de 2009, no saguão do Grand Palais, em Paris. Parte da renda será destinada à pesquisa de novos medicamentos para a Aids e à manutenção da Fundação Pierre Bergé-Yves Saint Laurent, espaço criado em 2002 no número 5 da Rue Marceau para manter viva a memória do criador. A fundação reúne toda a obra do estilista, de croquis do início da carreira a modelos de alta costura e recebe exposições de arte e moda.

PUBLICADO EM WISH REPORT 25

FELIZ ANO NOVO!


Chega de férias, praia, sombra e água de côco. É hora de recomeçarmos os trabalhos, com força total. Que 2009 traga muitas alegrias a todos!