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segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Notícias versus Literatura





       Um pensamento embalado em poesia musical que me é muito recorrente: “O sol na banca de revista... me enche de alegria e preguiça. Quem lê tanta notícia?” 

A preguiça caetaneada da abundância de informação impressa em 1967 viraria verdadeiro pânico no contexto digital atual, onde além das centenas de jornais e revistas ainda há um sem número de portais, sites, blogs. Me pergunto de fato o porquê de tudo aquilo, mesmo sabendo que há quem leia, que (por mais incrível que possa parecer) para todo tipo de site e blog há público. Mas nunca me vem tal pensamento em uma enorme livraria ou biblioteca. Com títulos do mundo inteiro, autores dos mais diversos estilos de narrativas, podem ser andares altíssimos tomados de livros até o teto. Sinto uma alegria enorme de estar ali em meio a tanta história, tantas possibilidades de uma leitura prazeirosa, um deleite antecipado só pela ideia de poder degustar algumas daquelas páginas. E aí está a grande diferença. As notícias, artigos e matérias de jornais, revistas e sites, periódicos de modo geral, de cunho jornalístico, documental, são efêmeras, um tanto quanto descartáveis. A notícia de amanhã substituirá a de hoje, assim como a de hoje substituiu a de ontem, que já está embrulhando peixes na feira, num ciclo sem fim e frenético, ritmo que a mim,  produtora de palavras, me desinteressa, me desencanta. Já os livros são perenes, perpétuos. Por isso a cada dia me vejo menos jornalista e mais escritora. Talvez não romancista, mas observadora de costumes e comportamentos, uma cronista do cotidiano, uma articulista de bastidores, porém não mais repórter, desprovida de opinião e imparcial.  

Escrever pensamentos autorais em blog e compartilhá-los é um pouco como aquela deliciosa conversa despretensiosa entre amigos, em que (guardadas as proporções tempo e espaço) um assunto puxa o outro de forma natural e espontânea. No post sobre as cartas, citei “O Rio é tão longe”, cartas de Otto Lara Resende ao amigo Fernando Sabino. O texto foi bem comentado por amigos nas redes sociais e três deles, inspirados pelos temas amor ou “correspondências que viraram obras literárias” e sabendo de meu amor pelos livros, me recomendaram novos títulos dentro do mesmo contexto. “Fragmentos de um discurso amoroso”, de Roland Barthes, “Minhas queridas”, cartas de Clarice Lispector às irmãs e “Cartas perto do coração”, correspondências trocadas entre Fernando Sabino e Clarice Lispector por mais de 20 anos de amizade. Amizade esta que, dizem os mais conhecedores dos grandes nomes de nossa literatura, era na verdade um grande amor, que não se concretizou por circunstâncias mil da vida de ambos. 



Por todos me interessei, mas deste último, talvez atraída pela história de amor frustrado, fui buscar  alguns trechos. Os lendo me dei conta de que as cartas relatam acontecimentos, portanto fatos, notícias. Mas notícias de sentimentos, percepções, que se compartilha com os amigos ou amor, viram de alguma forma uma realidade romanceada, literatura em potencial. Me identifiquei em especial com um trechinho de uma carta de Lispector ao amigo depois de uma viagem à França em companhia do marido diplomata. Tive um verdadeiro cansaço em Paris de gente inteligente. Não se pode ir a um teatro sem precisar dizer se gostou ou não, e porque sim e porque não.”

Clarice, minha querida... sei bem...



Aos franceses, ainda mais parisienses, sobra opinião, são abundantes os argumentos, é necessária a constante troca de ideias. Isso é intelectualmente instigante mas também cansativo.  E é algo que identifiquei como fato mesmo e vem desde a formação da cidade, a quem interessar possa um livro que traz muito sobre o tema é "A história secreta de Paris", do historiador Andrew Hussey

E voilá um post criado sob o efeito enebriante e perturbador do verão europeu (pior do que o nordestino, eu vos garanto), sobre tudo e sobre o nada. Cartas, amores, livros, Paris, meu desencanto com a mídia e minha vontade sonhadora de realidades mais romanceadas. 


sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Brasil está na moda

Capa de um especial do Le Monde sobre o Brasil de 2010. "Um gigante se eleva"


É sempre muito interessante notar qual visão um povo estrangeiro tem de nós brasileiros, principalmente quando estamos no território deles. Um sentimento parecido com o de chegar em uma festa, descobrir no hall que estão falando de você e por isso permanecer lá quietinha e anônima alguns segundos para ouvir clandestinamente qual opinião a seu respeito.

A primeira vez em que estive na França, em 2001, Brasil era "o maior e mais populoso país da América Latina cuja capital é Brasília, uma moderna cidade planejada de ares futuristas projetada pelo grande arquiteto Oscar Niemeyer..." e por aí vai (sim, eles sabem tudo isso, franceses não são americanos, graças ao Bon Dieu), mas ainda assim extremamente exótico, distante e desconhecido. Hoje, mais de dez anos depois, o som da palavra “Brésil” desperta um sorriso ainda curioso, porém muito mais encantado e cheio de admiração. Não mais apenas pelo futebol ou pelo samba e Carnaval. Todos (unanimidade) amam a figura do Lula, viram nele o personagem do Brasil pobre e marginal que chegou ao poder (o que faz vibrar o espírito revolucionário e socialista de qualquer francês) sabem que elegemos uma mulher (opa, outro ponto para nós), que bem ou mal segue o “legado” do governo anterior* , nos vêem como economia pulsante, pungente, como um país em franco desenvolvimento (ao meu ver infelizmente apenas econômico e não educacional/cultural, mas aí meu bem, papo longo), sempre ensolarado e sorridente (já começa a mítica) e lançador de modismos e tendências. E neste último quesito estão certos. O Brasil está mesmo em voga.

As tradicionais espadrilles (alpargatas de tecido e solado de corda) são os calçados oficiais do verão europeu, mas se você é verdadeiramente cool andará por Paris ou St. Trop com um belo par de... Havaianas. Oui. A marca, que não é boba nem nada, abriu inclusive tem uma loja no... Marais. O arrondissement mais fervido da ville.

Todo salon de coiffeur que se preze tem no menu da vitrine dois itens obrigatórios: Lissage brésilien - Sim, acreditem se quiserem, nossa escova progressiva alisando geral a juba da moçada enfants de la Patrie... E Maillot brésilien - mais conhecida na Califa, NYC e adjacências como brazilian wax, aquela “virilha cavada” ixxperrtha que dez anos atrás só a Marlene da Silva, top depiladora do salão do seu bairro sabia fazer. Pois bem, já dominou geral. Todas querem ser brasileiras. O que ainda não se popularizou, malheuresement, é a bendita abençoada manicure brasileira (aquela que tira as cutículas, lixa e esmalta com perfeição), mas nos salões mais branchées, os mais sofisticados e caros, as manicures são brasileiras. Talvez portanto seja só uma questão de tempo para a Manicure Bresiliénne virar febre.

Fui com um grupo de amigos e amigas franceses em um pub de Saint Germain, na rue des Princesses, coração do Quartier Latin. Voilá, um calor dos infernos dentro daquele lugar e eles adooramm, "uhuul, verão, vamos suar". E eu morrendo, pedi ao barman “une boteille d´eau minerale, si vous plait”. (Se pedir une verre d´eau ou carrafe d´eau te dão água torneiral mesmo, que matar não mata, mas ainda estou estudando os efeitos, rs) Pois bem, um segundo depois, a música do bar mudou. O que começou a tocar? “ERA UM MENINO TOCADÔ QUE DISPENSÔ O AGOGÔ E O TAMBÔ PRA TOCÁ LATÁÁÁ”, Daniela Mercury berrando lá nos idos de 1990 e tralálá, estão lembrados? 

Em momento algum ninguém perguntou minha nacionalidade. Mas pelo “accent”  fui identificada e já imediatamente “premiada”. Ou punida, entendam como quiserem. O que se seguiu foi Vanessa da Mata em dueto com Ben Harper em “Boa Sorte” e de volta à programação normal, porém sempre com um pé na latinidade, o barman que era também o DJ (multitarefas, a gente vê por aqui. Reflexos da crise, talvez?) mandou ver com Shakira e arrematou com salsa. É, da salsa não precisava. Vi que era hora de partir.

Mas a homenagem musical do pub não foi de todo ruim e isso só fui notar no dia seguinte, quando ouvi no coiffeur o rádio a toda: TCHE TCHERERE TCHE TCHE TCHE TCHE TCHE TCHE, GUSTAVO LIMA E VOCÊ! Depois da semi síncope de vergonha, a bichinha cabelereira de Avignon (que usava lentes de contato coloridas, la pauvre) me perguntou porque eu não gostava da música... se todo mundo adorava... Me perguntou o que quer dizer a letra... (QUE LETRA?) e também quis saber de Michel Teló, obviamente. Ficou chocadíssima em saber que o significado de "Ah, se eu te pego" (essa pelo menos tem algum, por mais pífio que seja) é “Ah, si jê t´attrape”... Essa era uma fama que eu preferia que o Brasil não tivesse... ou se tivesse que fossem por outros méritos musicais, mas enfim, como eles não compreendem a letra, talvez não apreciariam tanto um samba da nova geração como Roberta Sá ou qualquer coisa similar de mais requintado. É música para as massas, o que importa é o ritmo, e esse pegou. E é... é... é do Brasil, sil, sil. Por bem ou por mal, estamos na moda. Aceite.

Nas rodas mais cultas, a literatura é sempre tema. Aí nos saímos com mais classe. Citam Paulo Coelho, mas a estrela mesmo é Jorge Amado. "Que sorte você tem de poder ler Jorge Amado no original, em português, sem intervenção de tradutores... E saber de tudo aquilo que ele fala, da Bahia, dos temperos, das frutas, os cheiros..." Quer saber? Tenho sorte mesmo. <3>

*Apenas reprodução do discurso que escuto sobre a visão deles da nossa política. Longe de mim entrar nesse mérito. Sério.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Magia das Cartas (em especial as de Amor)

Postal de Picasso à Gertrude Stein, 1915 (bem "Meia Noite em Paris" rs). Acrescento que como calígrafo Picasso era apenas um excelente artista, pois de todo o conteúdo o pouco compreensível é:
"Mais non Gertrude il n´y pas de moments(?) et je n´ai ou encore qu´en mastigue qui, (....) tué d´ailleurs. Souviez/Souriez (?) si le coeur vous/nous (...) oui. Mille bonne chose mille Fokls (folks, peut-être?) de nous dens t´a vouy(?) Votre Picasso."

Tudo o que está em itálico ou que falta entre parentêses é o que não entendi, partes necessárias pro contexto... Lanço aqui portanto o primeiro concurso cultural do blog, mais de quatro anos depois de sua estréia: Se alguém entende o francês e me fizer uma tradução razoável, ganha uma semana de estadia em Paris. No sofá. (Rs)

Mesmo que superconectada a um sem número de redes sociais (Facebook, Twitter, Instagram, Pinterest, Blog, Tumblr) ainda escrevo muito em papel, talvez mais do que deveria. Junto com a alfabetização, ganhei (acreditem se quiserem) um pequeno calo no dedo médio da mão direita, que persiste até hoje, um "troféu" às avessas conquistado por tanto escrever. Para o trabalho, necessário que seja direto no teclado do computador, para redigir, pesquisar dados, inserir ou cortar, editar e enviar. Mas quando se trata de elucubrações pessoais, textos de cunho perigosamente autobiográficos, devaneios, exorcismos de angústias ou até mesmo lista de afazeres do dia, prefiro mesmo papel e caneta. E quando o assunto é sentimento... Nada melhor do que a boa e velha carta. Existe telefonema, e-mail, whatsapp, skype... Mas nenhum deles tem o toque. O papel que você tocou, pegou, escreveu, dobrou, colocou no envelope e selou com um beijo é o mesmíssimo papel que vai chegar às mãos do destinatário da sua mensagem. É de alguma forma uma maneira de tocar de verdade a pessoa, um presente material, físico, que se pode ler, reler, colocar embaixo do travesseiro, usar como marcador de livro, colocar dentro da bolsa...
Ainda que mantendo o hábito de escrever em papel, bloquinhos, moleskines, agenda e afins, estava afastada da magia das cartas desde que me deparei com “O Rio é tão Longe”, de Otto Lara Resende (Ed. Cia das Letras), uma apaixonante coletânea de suas cartas ao amigo de infância e também escritor, Fernando Sabino. Mesmo morando em cidades e às vezes países diferentes por boa parte de suas vidas, mantiveram a amizade por meio das missivas constantes de Otto, um inveterado epístola. A mineirice das narrativas, a riqueza de detalhes do dia-a-dia contado ao amigo, as aflições, as alegrias, os planos... Dei boas risadas e derramei algumas lágrimas com o livro, e isso de alguma forma me fez relembrar o quanto é fantástico escrever e receber cartas.

Me arrependo de ter rasgado em milhares de pequenos pedaços cartas lindas do meu primeiro namorado. Eram provas de um amor que pode não ter se concretizado em sua plenitude, mas que em seu momento foi real. Da humilde sabedoria balzaquiana dos meus trinta anos, meu conselho às jovens senhoritas: não se desfaçam das cartas de amor. Simplesmente não. Ok rasgar as fotos, jogar fora presentes e bloquear o dito cujo no facebook. Mas mantenha as cartas. Há nelas algo de mágico que transcende o tempo e se destruídas forem, podem despertar uma maldição. Como quebrar um espelho pode trazer sete anos de má sorte (é, eu não falo nem escrevo tal palavra), desmaterializar uma carta de amor tem efeito similar. Se vos consola saber, faz exatos sete anos que cometi tal imperdoável engano. E enfim reencontrei um novo amor desses merecedores de receber cartas escritas à mão e enviadas pelas sensacionais instituições chamadas Correios. Coincidência? Tirem suas próprias conclusões.

Longe de casa, a carta ganha ainda mais importância. É preciso escrever, endereçar, selar, ir até o Bureau de Poste e enviar. Não é simples, não é moderno, não é prático. Mas como disse Pessoa, “Tudo vale a pena...”. E sim, obrigada Deus, minh´alma é grande. O inconveniente, e ao mesmo tempo belo, das missivas postais além-mar é que quando chegam ao destinatário, as ideias ali contidas podem já ter se esvanecido, alguns sentimentos se perdido, algumas dúvidas solucionadas. Cartas são sólidas, eternas, e exigem o mesmo grau de comprometimento. Sentimentos escritos em cartas duram mais tempo, pois não voam no cyberespaço. Vão por mar, pelo ar, pela terra e pelo homem. Viajam de navio, avião, caminhão e na bolsa do carteiro até chegar embaixo da sua porta. O papel eu posso beijar com meu batom vermelho que você gosta, mas também não gosta porque não pode me beijar. E dentro do envelope posso colocar uma pétala de rosa do verão parisiense, que com sorte vai levar um pouco do mesmo aroma que eu respirei aqui para que você sentir aí.

Paris, aqui me tens de regresso.


Há exatos seis dias, fui recepcionada por uma Paris que exibia sem pudor sua beleza no auge do verão. O clima quente, com sol e céu azul. A cidade toda verdinha e florida como eu há muito não via. Quinta-feira à noite, um dia depois da minha chegada, fui jantar com duas amigas que moram na cidade. O restaurante foi o Ma Bourgogne, especializado na culinária da região de Borgonha e localizado em frente a Place des Vosges, coração do Marais. Fui caminhando do meu apartamento, tranquilamente... Quase nove horas da noite, horário marcado do rendez-vous (que quer dizer apenas encontro, sem qualquer conotação secundária como criou-se no Brasil), ainda fazia dia claro e cheguei à Praça, que estava lotada de gente sentada na grama, fazendo piquenique, tomando vinho, comendo, bebendo, conversando e se divertindo. Cenário muito incomum aos olhos de uma paulistana. Me digam, onde, quando que isso seria possível em São Paulo? Se é possível e vocês estão indo sem me convidar, já adianto que ficarei chateadíssima.

Antes que possa ser mal compreendida, quero deixar claro que minha paixão por esta cidade não se trata em absoluto de uma visão deslumbrada de “colonizada” que menospreza suas raízes e só admira o que vem de fora, os costumes do Velho Mundo, ou qualquer coisa que o valha. Nada disso. Estar longe do Brasil me faz ver com muita clareza tudo que temos de bom, tudo o que pessoalmente me faz falta de fato, me faz realizar que não adianta fugir. Brasil é o meu país, eu amo meu país, por mais que ele sofra de tantos males (má admistração pública, corrupção, impostos abusivos, precariedade ou inexistência de serviços básicos como saúde e educação) que não vejo perspectivas de mudanças concretas a curto ou médio prazo e que tampouco estão ao meu alcance mudar de imediato. Mas até mesmo por isso minha necessidade de estar em contato com coisas que eu admiro em outros países, principalmente aqui, e que aí sim tenho a possibilidade de mudar na minha vida real cotidiana brasileira. O estilo de vida. Disso eles entendem bem. E não se trata de classe social. Então vamos ao que interessa: porque amo tanto Paris?

Ao meu ver os franceses tem o “savoir faire de vivre”: sabem viver, e bem. Os vinhos, os queijos, a cidade projetada para se caminhar, os bistrôs, rotisseries, pâtisseries, boulangeries, as centenas de museus, galerias, cinemas, teatros, opéras, bares, a vida acontece dehors, na rua, ao ar livre, sem medo de carros blindados, sem pânico de guarda-costas. O bonjour bem cantado e forçado dos atendentes em todos os pontos de comércio. O respeito que se tem pela arte, pela cultura: literatura, dança, música, artes plásticas... Todas as manifestações de comunicação humana tem espaço. Paris é uma cidade feita por pessoas, para as pessoas e que gosta de pessoas. Uma cidade que gosta de gente, de ideias, de sentimentos. Não apenas de carros, edifícios enormes, construções futuristas ou megalômanas. Onde o respeito e a admiração vem pelo que você é, pelo que você faz, produz, cria, sabe, compartilha. E não apenas pelo que você tem. Esse distanciamento, um certo desapego do tão somente material me encanta. É claro que existe elite, mas uma elite que não ostenta, pelo contrário, disfarça. Ainda se sente latente os ideais da Revolução Francesa: foi o povo trabalhador, os operários, os sans culotte, os miseráveis que construíram a nação. Aqui não há orgulho algum em ser nobre ou burguês. Se você for, esconda o quanto puder. Um filho da mais alta burguesia foge do título de burguês como o diabo da cruz e vai buscar a vida boêmia como qualquer operário, se camuflando neste meio como um deles. Assim nasceu o bo.bo, o bourgeois bohéme, o rico que finge não ser, por que ser do povo tem bem mais graça. O rapaz ou garota que rasga e suja propositadamente as roupas caras para entrar em uma taverna popular sem ser insultado, integrar-se ao ambiente e poder se divertir como todos.

Aqui uma jovem senhora pode ser esposa de um milionário de fortuna antiga ou nova, ela mesma também uma profissional bem sucedida, mas não abre mão de comprar ela mesma frutas, legumes, saladas no marché do seu quartier e cozinhar aos finais de semana. Porque tudo isso são prazeres da vida dos quais ela não quer se privar: sentir o aroma e textura das frutas frescas e coloridas, comprar flores do campo para a casa, alimentar ela mesma com comida e com afeto o marido e os filhos. Qualquer disparidade com a realidade da maior cidade brasileira não é mera coincidência. Não quero ser polêmica, mas o que tenho visto com cada vez mais frequência nas nossas capitais é uma “vida” onde o que importa é imagem e status, onde uma burguesia intelectualmente nula, vazia de ideias e pensamentos festeja a abertura de um novo complexo de compras repleto de “marcas internacionais de luxo”. Como toda mulher que gosta de moda, também amo tais marcas e que bom para nossa economia que elas estão desembarcando entusiasmadíssimas em solo brasileiro. Mas mal sabem algumas lulus o grande luxo que é poder caminhar a pé nas ruas da cidade onde vive (coisa cada vez mais difícil em SP, desde sempre impossível em Brasília e por aí vai) comprar uma baguette, fromage e une boitelle de vin e sentar com as amigas no parque do seu arrondissent (porque todos os bairros tem um parque, é claro, dado também super parecido com nossas metrópoles) para um piquenique. Ler um livro degustando um rosé sentada na mesa da calçada de um bistrô...e tantas outras pequenas coisas.

Paris é uma cidade que aprecia histórias, fatos, relatos, que pensa, debate, discute, argumenta, briga. Por isso pode parecer às vezes demasiado séria, grosseira ou rabugenta. Por ser inteligente. Não aceita e não suporta a ausência de opinião e de posicionamento. Uma das cidades que mais lê no mundo: nos cafés, praças, no metrô, há sempre alguém lendo. Onde intelectuais, artistas, escritores, músicos e boêmios tem mais importância e relevância no cenário social do que mega empresários que têm cifrões nas pupilas. E este post não teria fim se fosse enumerar os lugares, os personagens históricos, todos os mitos e lendas que permeiam esta cidade.

Para resumir: existiria no mundo lugar melhor e mais inspirador para se reinventar do que Paris?

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Angelologia

Não escrevi o nome do post errado não, o nome do livro é esse mesmo: Angelologia, título de estréia da autora americana Danielle Trussoni. Há tempos não falava de livros por aqui, né? Pois essa é minha dica no momento, acabei de terminar. Trata-se de um romance ficcional que mescla o sobrenatural (em alguns momentos bem pouco crível, diga-se de passagem) a fatos históricos verdadeiros e lugares reais, bem ao estilo de O código da Vinci e Anjos e Demônios, de Dan Brown. Daqueles bem difíceis de largar, mesmo quando o sono chega e a pálpebra pesa, você quer pelo menos acabar o capítulo, sabe como é? Vale a leitura das 450 páginas. Li em uma semana.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

PENSE MODA day one

Começou ontem a quarta edição do seminário anual Pense Moda. Os palestrantes convidados da noite  foram os fotógrafos americanos Christopher Makos e Paul Solberg, que formam a dupla The Hilton Brothers. 

Chris e Paul são super bem-humorados, sempre brincando entre eles e interagindo com o público, deram bronca em quem estava com o celular ligado e até mesmo recomendaram que não usássemos o Twitter. A não ser que fosse pra falar deles. Alívio pra mim, que estava a toda tuitando as novidades.

O trabalho dos dois é basicamente intervenções e montagens fotográficas de imagens que captam ao redor do mundo. China, Egito, Itália, Estados Unidos, Espanha... Nova-iorquinos, os dois se conheceram na Big Apple em 2004 e desde então trabalham juntos. Suas referências vêm muito da pop art de Andy Warhol e o dadaísmo surrealismo conceitualismo de Marchel Duchamp. Um objeto ordinário tem seu valor visual. Nossa vida ordinária, cotidiana, tem sim sua dimensão de ARTE, se vista sob um novo olhar, uma percepção aguçada. Foi essa a lição que absorvi de suas imagens.

Performáticos, Chris e Paul fizeram duas trocas de roupa em pleno palco, protegidos por um biombo. Durante o curto período de noventa minutos da apresentação, os dois usaram três ternos, sempre idênticos.  Todos foram confeccionados em um alfaiate de Pequim, com tecidos comprados por eles próprios em Nova York. As estampas, nada convencionais: flores, xadrezes de cores fortes e por aí vai.

Do trabalho da dupla a série que mais me encanta é  Hippofollium, a junção de fragmentos de imagens de cavalos com  fotos de flores e folhas. Imagens instigantes e poéticas, do tipo que captam a atenção do observador, como toda boa fotografia. Para quem também gostou da arte da dupla, a dica é ficar atento às notícias. Os dois virão ao Brasil para expor (e vender) seus trabalhos na galeria Baró, em São Paulo, no ano que vem.



O site da dupla vale a visita: http://www.thehiltonbrothers.com/

Depois do intervalo, foi a vez do debate sobre a relação entre moda e internet. Grandes marcas invadindo as redes sociais, blogueiros versus sites de publicações impressas, assunto que rendeu bastante. Mediação foi de Kátia Lessa, jornalista da Folha de São Paulo e Paulo Martinez, editor da vanguardista revista Mag!, estava entre os convidados. Entre outras mil coisas que nem caberiam aqui neste blog, Paulo falou um pouco sobre a versão para o Ipad que a revista lançará em janeiro do ano de quem, prova de que a mídia impressa acompanha os novos tempos da realidade cada vez mais digital.


*Pelo segundo ano consecutivo o evento teve o patrocínio das Lojas Renner. Super bacana a iniciativa da empresa, que além de fazer uma fast-fashion antenada com as tendências globais, ainda fomenta o mercado nacional da moda, fortalecendo os profissionais do setor com encontros pensantes e super produtivos como esses. Ponto pra eles. 

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Brigitte toujours!

Lindezas, olha só que coisa mais baphônica esse site IF WE DON´T, REMEMBER ME. http://iwdrm.tumblr.com/ , vale muito a visita! Ele seleciona cenas célebres de filmes clássicos com imagens em gif (aquelas em movimento, que me causam uma certa irritação quando usadas em avatares no twitter) e as falas da determinada cena. Um deleite para cinéfilos e amantes da sétima arte ou apenas para relembrar os filmes que amamos. Eu como adoro um vintage movie e suas musas, amei os momentos memoráveis de Brigitte Bardot em Le mépris (O desprezo), filme de 1963 dirigido por Jean-Luc Godard. Me fala se tem mulher mais bonita que essa Brigitte Bardot, gente, pelo amor?


“Whenever I hear the word ‘culture’, I bring out my checkbook.” DE CAMOMILA, O CHÁ, NÉAHM, BEM? PRA LIDAR COM TANTA LINDEZA.

“I like gods. I like them very much. I know exactly how they feel.” MODESTA A FOFA!

“You like all of me? My mouth? My eyes? My nose? And my ears?” AH, MULHERES SEMPRE EM CRISE...

“There’s nothing like the movies. Usually, when you see women, they’re dressed. But put them in a movie, and you see their backsides.” VERO.

“I like CinemaScope very much.” OI? E o dentinho, gente? Muito sexy esse tal de diastema.

Fotos: http://iwdrm.tumblr.com

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Warhol for kids

Fofurinha para alegrar a manhã. Ilustrações de Andy Warhol para os pequenos. Se ele criou pensando ou não especificamente em crianças eu não sei , mas que o apelo dessas obras é infantil, isso é fato. Gatos (Green Cat, 1956), cachorros (You are so little, 1958), corações (Hearts, 1979), caramujos (So slow, 1958) e sorvete (Icecream dessert, 1959)! Mais "volta à infância" impossível. Tudo em cores e formas características de Andy Warhol. Amei. O gato verde é meu favorito!

domingo, 1 de agosto de 2010

Para alegrar a semana

Sou uma apaixonada por fotografia. Em particular, as em preto e branco, que são mais poéticas, mais carregadas de emoção. Imagem na minha opinião tem o poder de mudar o humor, de inspirar, de provocar um sorriso ou promover uma injeção de ânimo. Arte, pra mim, nada mais é do que isso, um estímulo externo para ser mais feliz, para viver melhor, para sorrir mais, para sair da rotina... Inspiração. Seja ela encontrada em em livro, em uma escultura, filme, tela ou foto. Essas imagens de Willy Ronis, fotógrafo francês falecido ano passado que ficou célebre por clicar cenas parisienses e provençais do pós-guerra são exemplos de Fotos Prozac. É olhar e sorrir. The Caretaker´s cat (cuidador de gatos, não consegui descobrir o nome original em francês) e o Le Petit Parisien, de 1952. Reparem que a baguete é quase o tamanho do pequeno... que graça!

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Comer Rezar Amar, o filme


Outro livro "para garotas", mas muito mais recheado de reflexões de vida e cheio daquelas páginas que lemos duas ou três vezes na sequência tamanha a densidade e/ou identificação de seu conteúdo, que nos fazem rir, chorar e ficar intermináveis minutos pensando sobre determinada passagem ou capítulo é Comer Rezar Amar. Postei sobre ele aqui no blog em setembro de 2008: www.marilialevy.blogspot.com/search?q=eat+pray+love


A boa notícia é que ele virou filme e estréia aqui no Brasil dia 01 de outubro, ou seja, ainda falta um bocado, mas o trailer já está no youtube: www.youtube.com/watch?v=iZzmqHJ0gPU


A história REAL eu acho uma delícia, uma jornalista super bem sucedida e casada que tinha aparentemente o que TODA MULHER SONHA EM TER. Mas estava infeliz. Largou tudo e passou um ano viajando. Quatro meses na Itália, quatro meses na Índia e quatro meses em Bali, na Indonésia. É ou não é o sonho interno secreto de qualquer ser humano em algum momento da vida, fugir por um tempo da própria realidade para poder se reinventar?


Na foto, Julia Roberts, que eu achei perfeita para viver a Elizabeth Gilbert (autora e personagem) e o ultra handisome Javier Bardem, que interpreta Felipe, o namorado BRASILEIRO que a fofa arranjou na última fase do trajeto: LOVE. Chega, não vou contar mais nada. Amei o livro, amo a história e estou louca para ver o filme.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Diários de Carrie

Livro da categoria chick lit que amamos. A chamada de capa "Conheça Carrie antes de Sex and the City" já é convidativa. Da autora Candance Bushnell, o romance apresenta Carrie em seu último ano de high school numa cidadezinha do interior dos Estados Unidos. Em alguns capítulos notamos a verve bem-humorada da nossa conhecida heroína ainda adolescente no final dos anos 70. Sua primeira paixão arrebatadora, sua primeira desilusão amorosa, o relacionamento com as irmãs, com o pai e a lembrança da mãe falecida e os primeiros passos como escritora wanna be. Bacana a construção "retroativa" da personagem, em vários momento conseguimos identificar que a Carrie de hoje se formou por conta deste ou daquele fato de sua vida pregressa... Desnecessário dizer que é uma leitura super fácil e leve, para devorar nas salas de espera de aeroporto e afins, como eu fiz em minha última viagem. Não é indispensável, mas recreativo.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Brentano´s

Continuando com as dicas parisienses. Sabe aquela livraria e papelaria na qual as horas passam e você nem sente? Em Paris ela atende pelo nome de Brentano´s e fica na 37 Avenue de l´Opera. Entre sem pressa. Lá estão uma infinidade de livros de moda, foto, arte, cartões postais belíssimos, calendários, caderninhos, agendas, papéis de carta... Livros das editoras que amamos mas que aqui no Brasil são caréssimos como Taschen, Flamarion, Assouline, La Martiniére lá estão a preços reais e compráveis. Eu aproveitei e ampliei minha biblioteca fashion artsy.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Le Petit Nicolas


Tem coisa mais fofa do que criança falando francês? Para quem não conseguiu pensar em uma boa resposta em menos de 10 segundos, o filme do final de semana é o infantil (bom pra levar filho/afilhado/sobrinho) O Pequeno Nicolau. Do original francês Le Petit Nicolas, uma série de livros do René Goscinny (mesmo autor do Asterix) com ilustrações de Sempé, outra lenda cultural francesa. No longa o fofo Maxime Godard vive Nicolas, aflito com a possível chegada de um irmãozinho. Uma graça. Eu li um dos livros da série e já vi o filme, que estreou nos cinemas franceses em setembro do ano passado e agora está em cartaz em oito salas de São Paulo. Altamente recomendável! Nicolas est un chouette copain! hehe FOFO!

Água para elefantes - o filme


O livro Água para Elefantes (Water for Elephants - falei dele aqui em abril de 2009, veja aqui!) vai virar filme, estrelado por ninguém menos que o ex-vampiro Robert Pattinson. Nas filmagens ele contracena com animais, ja que o cenário é um circo e o tadinho foi mordido por um leão recentemente no set. Acidente de trabalho... A "sorte" é que o leão não tinha dentes! Pausa para reflexão neste momento... Fiquei contente de saber que ele não se machucou mas chateada pelo leão, sabe? Como assim um carnívoro que não tem dentes? Olha, deixa pra lá... confira o site do filme, previsto para estrear nos Estados Unidos em 2011. http://www.waterforelephantsfilm.com/


Adorei a escolha de Reese Whiterspoon como Malena, mas Pattinson não seria minha opção de ator para viver o Jacob... Vamos ver que bicho dá. Eu se fosse você leria logo o livro antes que o filme estrague tudo... Na foto, Robert nas filmagens do longa.
Imagem: Contigo online


terça-feira, 13 de julho de 2010

YSL no Petit Palais





Exposição sensação do verão. Dificil até fugir das inevitáveis rimas para definir a mostra de Yves Saint Laurent no Petit Palais, museu de belas artes de Paris que nunca havia em sua história recebido uma exposição de moda. Mas argumentou que YSL era não apenas um estilista, mas um "excepcional artista" e voilá.

O museu abre as portas as 10hs, portanto cheguei as 10h30, depois de tomar meu petit dejeuner tranquilamente, achando que seria easy. Ledo engano. A fila já atingia a marca de 30 metros e uma placa alertava: duas horas de espera. Meu passe livre seria a carteira internacional de imprensa, que no momento repousava em minha bolsa, lá no apartamento. O dia estava bonito, resolvi ficar e esperar numa boa. Fica já a dica: a fila dos que já tem convite comprado é muito mais ágil, vale a pena.

O que posso dizer? Que valeu cada minuto de espera? Seria pouco... muito pouco. Quinze salas temáticas destrincham toda vida e obra de Yves, esse deus da moda. Uma frase de Pierre Berger, após seu falecimento, é emblemática e para mim diz muito do que ele representou: "Chanel a donné liberté aux femmes, Yves Saint Laurent leur a donné le pouvoir" (Chanel deu liberdade às mulheres e YSL lhes deu o poder.)

Desde o início de sua carreira na Maison Dior, até a revolução dos gêneros que causou com o smoking feminino, sua obsessão com destinos longínquos e exóticos como Rússia, China e Índia para criação de suas coleções, seu relacionamento com a arte, sua ousadia com as cores, seu método de trabalho, seus passatempos, as criações para mulheres célebres, tudo está nessa fantástica retrospectiva. O clímax é a sala Le dernier Ball (o último baile) com uma seleção de chorar de emoção de vestidos de festa criados por Yves. Repito, chorar de emoção.
Saí emocionada, sorrindo como boba e pensando: se moda é sonho, YSL deve mesmo ser Deus. O site da expo, que segue até 29 de agosto, vale muuito a visita, dá pra sentir o que é essa retrospectiva histórica e imperdível. http://www.yslretrospective.com/

Musée des Arts Decoratifs


A expo de moda da vez em Paris (tirando a de Yves Saint Laurent no Petit Palais, que é hours concours, falo já) é a Histoire Ideale de la Mode, 70-80, que faz uma retrospectiva de todas as criações, criadores e verdadeiras revoluções fashion que aconteceram essas duas décadas cheias de novidades. Estão expostos looks de YSL (sempre!), Sonia Rykiel, Cacharel, Chloé by Karl Lagerfeld, Chanel by Lagerfeld, os surrealistas dos 80 Claude Montana, Thierry Mugler , Jean Paul de Castelbajac, e o japonismo de Kenzo, Yamamoto, Issey Miyake, Comme des Garçons e Azedinne Alaia, Christian Lacroix, Grés e outros nomes não tão conhecidos nossos. A maison de Madame Grés me impressionou muito, com seus vestidos de jérsei de seda, plissados incríveis, assimetrias e fluidez, criações da década de 70 mas supercontemporâneas. Além das roupas, muita informação em textos, fotos e vídeos de desfiles vintage, um verdadeiro deleite aos amantes da moda. Nas fotos acima, a entrada do museu, que é um anexo do Louvre mas com entradas e bilheteria independentes, na Rue de Rivoli, 107. E criação de Sonia Rykiel dos anos 70. A expo vai até dia 10 de outubro deste ano. O site do museu é uma graça, vale a visita virtual: www.lesartsdecoratifs.fr

Marais




Um dos bairros que explorei bem desta vez foi o Marais, bairro que antigamente era conhecido como um quartier dos judeus, que ainda se encontram por lá em grande número, mas atualmente é também um reduto de novos criadores de moda, lojas charmosas de beleza e decoração e deliciosos bistrôs e restaurantes. Uma amostra da mais autêntica vie bourgeois bohéme.
Na mesma rua, Francs Bourgeois, estão quase ao lado três marcas hit de produtinhos de beleza e bem-estar, desses que amamos colecionar no banheiro. MAC, Khiel´s e L´Occitanne. As três estão presentes no Brasil, mas lá apresentam linhas de produtos que às vezes não chegam ao nosso mercado. Sabiam que a L´Occitanne tem uma linha de maquiagem? Pois é, eu não! Os batonzinhos são delícia!

No bairro está a Place de Vosges (foto), uma praça linda com várias galerias de arte em seu entorno e o Musée Carnavalet (foto com a mocinha que vos fala), com muito da história da cidade de Paris, imperdível. O museu tem entrada gratuita e um jardim de sonho, bom pra descansar entre um passeio e outro. No verão, sente em um dos bancos e aprecie as rosas (dá pra sentir o perfume!) enquanto come uma baguete. Mais parisiense impossível. Isso é joie de vivre, conceito, ao meu ver, meio abandonado nas cidades brasileiras.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Jap Style!



Para quem piira com os looks das ruas de Tóquio, o www.japanesestreets.com é um prato cheio! Inspirador. Acho incrível como eles fazem de tudo pra se diferenciar uns dos outros. Na roupa, no cabelo, tudo. To louca pra conhecer Tóquio... Enquanto a viagem não chega, o site foi uma grata surpresa!

sábado, 13 de março de 2010

Precious



Já saiu do cinema completamente em choque? Precious é um desses filmes que vai te provocar novamente essa sensação, com certeza. Baseado no romance Push da escritora afro-americana Sapphire, é uma história de superação e valorização da vida. Com seis indicações ao Oscar, Precious levou duas estatuetas: de melhor roteiro adaptado e de atriz coadjuvante para Mo’nique, que faz a mãe (se é que aquela criatura merece tal título) de Clareece Precious Jones, que além de ser obesa, é humilhada em casa e escuta da desequilibrada projenitora coisas do tipo “You're a dummy. Dont nobody want you, dont nobody need you" todos os dias... Isso sem citar coisas muito piores, mas é do tipo TEM que assistir. Para darmos valor às nossas vidas. Até o mais rabugento e pessimista dos humanos que assistir a Precious vai parar de reclamar da própria existência por pelo menos uns dois meses, juro. O filme conta ainda com Mariah Carey, irreconhecível como assistente social e Lenny Kravitz de enfermeiro.

Na minha opinião, uma das cenas mais lindas é quando Precious coloca no pescoço de uma garotinha aparentemente tão maltratada quanto ela um lenço laranja, an orange scarf, as you like it, vibrante e esvoaçante. A menina sorri. Isso pra mim é MODA. Dar um sopro de alegria e de cor à vida das pessoas, desde os primórdios da história do vestuario na humanidade até os dias contemporâneos. Eu realmente acredito que a moda é uma fonte de prazer e alegria -ok, para as mulheres principalmente - e alegria é algo essencial a vida. Ponto final. Bom, desnecessario dizer que fiquei arrepiada. Fantastico filme. www.weareallprecious.com

No inicio do longa, escrito na deficiente letra de forma de Precious, que era semi analfabeta, lia-se a mensagem "EVDYFIN IS A GIF OF THE UNVASS" Everything is a gift of the Universe.


segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Coco antes de Chanel



Esta sexta-feira chega enfim aos cinemas brasileiros Coco antes de Chanel, longa metragem dirigido por Anne Fontaine e estrelado pela fofa Audrey Tautou. Assisti à cabine do filme (sessão especial que a distribuidora faz para a imprensa algumas semanas antes do lançamento oficial) e gostei. Bom, acho que por eu ter isso com muita expectativa não tive uma reação assim tããão positiva. Não amei, só gostei. Mas não há dúvida de trata-se de um bom filme. Mas quem espera ver a glória e sucesso de Mademoiselle Chanel vai perder a viagem. Como o próprio nome diz, o filme leva aos espectadores toda a trajetória de Coco (siiim, quem assistir vai descobrir o porquê do famigerado apelido) antes da fama e fortuna. Vale a pena pelo conteúdo histórico, pela interpretação de Tautou, pelo figurino bem executado e o mais importante: para virar ainda mais fã de Chanel. Sim, sempre é possível.